Acho que gosto de São Paulo, gosto de São João, gosto de São Francisco, de São Sebastião, eu gosto de meninos e meninas...
Com esses versos, Renato Russo revelou a todos nós sua bissexualidade.
Interessante como achamos "bonitinho" o pensamento do poeta, mas na convivência com alguém que, como eu, vive a bissexualidade numa boa e sem neuras, as coisas não são tão fáceis.
Os amigos heterossexuais, a quem confiei meu segredo, me acusaram de sem-vergonhice.
Os poucos homossexuais a quem tive a oportunidade de revelar minha orientação, me disseram que sou indeciso e mal resolvido, que vivo em cima do muro.
Nós não nascemos com uma idéia formada a respeito da nossa orientação sexual.
Por outro lado a bissexualidade não pode ser vista como escolha, até porque ninguém nasce sabendo o que vai ser na vida.
Biologicamente nascemos homem ou mulher, aos olhos da sociedade. Mas o comportamento, a orientação, as preferências, serão definidas no decorrer da existência.
É perfeitamente possível sentir-se atraído pelo sexo oposto e logo em seguida pelo mesmo sexo. Não necessariamente as relações precisam acontecer ao mesmo tempo, mas em alguns casos acontecem.
Quando estou com uma mulher, sinto falta de uma relação masculina. Quando estou numa relação com um homem, sonho com o sexo oposto. E se tiver que romper com um ou outro, me sinto um eterno incompleto. Mas não sofro por isso. E me realizo assim. Sou feliz assim.
Quem quiser a minha companhia que me aceite assim.
E se pudesse me definir, eu diria que sou alguém com um coração enorme capaz de amar a todos.