sábado, 31 de julho de 2010

Eu sou bi! E daí?


Acho que gosto de São Paulo, gosto de São João, gosto de São Francisco, de São Sebastião, eu gosto de meninos e meninas...
Com esses versos, Renato Russo revelou a todos nós sua bissexualidade.

Interessante como achamos "bonitinho" o pensamento do poeta, mas na convivência com alguém que, como eu, vive a bissexualidade numa boa e sem neuras, as coisas não são tão fáceis.
Os amigos heterossexuais, a quem confiei meu segredo, me acusaram de sem-vergonhice.
Os poucos homossexuais a quem tive a oportunidade de revelar minha orientação, me disseram que sou indeciso e mal resolvido, que vivo em cima do muro.

Nós não nascemos com uma idéia formada a respeito da nossa orientação sexual.
Por outro lado a bissexualidade não pode ser vista como escolha, até porque ninguém nasce sabendo o que vai ser na vida.
Biologicamente nascemos homem ou mulher, aos olhos da sociedade. Mas o comportamento, a orientação, as preferências, serão definidas no decorrer da existência.
É perfeitamente possível sentir-se atraído pelo sexo oposto e logo em seguida pelo mesmo sexo. Não necessariamente as relações precisam acontecer ao mesmo tempo, mas em alguns casos acontecem.

Quando estou com uma mulher, sinto falta de uma relação masculina. Quando estou numa relação com um homem, sonho com o sexo oposto.  E se tiver que romper com um ou outro, me sinto um eterno incompleto. Mas não sofro por isso. E me realizo assim. Sou feliz assim.
Quem quiser a minha companhia que me aceite assim.
E se pudesse me definir, eu diria que sou alguém com um coração enorme capaz de amar a todos.


segunda-feira, 19 de julho de 2010

Garotos de Programa - Satisfação garantida (???)

Há alguns dias recebi no meu e-mail, o link de uma agência de garotos de programa aqui de Curitiba, com o comentário de que eram os homens mais bonitos já vistos. E realmente eram. Mas pra mim, que trabalho com imagem, beleza tem muito mais a ver com proporção que com perfeição. Um homem rechonchudo ou uma mulher mais cheinha podem ser muito mais atraentes que os sarados padrão coxinha. Mas voltando ao site, francamente, chego a duvidar de tanta perfeição física.
"Dionathan, 19 anos, 1,85m, 85kg, dote de 24cm, sarado, há pouco tempo em Curitiba, tenho local, atendo em domicílio, universitário, bom nivel cultural, ativo liberal, realizo todas as suas fantasias. "


Comecei a observar, principalmente, os nomes, os currículos e as atribuições oferecidas:
*Nome:
Grande parte dos garotos de programa da internet escolhe nomes estrangeiros e, na tentativa de aproximação entre as pronúncias inglesa e portuguesa, acabam aportuguesando os nomes, deixando suas grafias no mínimo curiosas e, na maioria das vezes, engraçadas. Encontrei ainda, Deividi, Uélcom (acho que inspirou-se em welcome = bem vindo em inglês) , Endriu, Maicon, Reimon, Uóshton, Guy (cara em inglês), Uéliton e Dion, que depois de muito tempo percebi tratar-se de John. Pelo menos a intenção, acho, era essa.
*Idade:
Todos eles tem 19 anos. Desde que tenho computador e internet em casa (uns 13 anos) e privacidade para observar essas delícias, elas e eles estão lá, com a mesma idade, e nunca fazem aniversário. Para quem faz programa é vantajoso ter essa idade, afinal 19 é quase 18 e não corre-se o risco de cometer um delito:
- Mas Seu Delegado, ele jurou que já era maior...
- Euuuu nãooooo!!! Eu disse que iiiiiia fazer 18 na semana que vem!!!


*Estatura:
Um metro e oitenta, pelo jeito, é a estatura mínima exigida, para um garoto de programa. Entretanto, a maioria dos brasileiros não está nessa faixa. Se for mais baixo que isso, já não serve para acompanhar, por exemplo, uma mulher de negócios, alta, elegante, usando saltos altíssimos, num evento, festa ou viagem. Homem mais baixo como acompanhante de uma mulher bem sucedida é algo que não se admite nos meios empresariais. Garotos de programa mais baixos que um metro de setenta e cinco, são raros, o que me leva a crer, que homens menores que isso são feitos apenas para ser amados e nunca serão aceitos como fodedores, pelo menos não profissionalmente.
*Atributos Físicos:
Parece que o pau é preferência "nacional", né. O ítem pau aparece como importante em todos os currículos dos profissionais do sexo masculino. Como se não existissem as outras partes do corpo como tórax, pernas, panturrilhas, bunda... E não há portfólio fotográfico em que eles não apareçam exibindo tais atributos.
*Universitário, Nível Superior:
O fato de ser universitário não é uma garantia de que ele não falará bicicreta, prástico ou poblema, tá ligaaaado, ou ainda, nós fumo, nós imo, nós fiquemo. Mas pelo menos é certo que saberá chamar o táxi na hora de ir embora ou de processar você em caso de agressão ou recusa no pagamento.
*Há pouco tempo em Curitiba:
Estar em Curitiba há pouco tempo é vantagem, não tanto do ponto de vista daquele antigo fetiche da francezinha nova no bordel de Madame Sophie, mas principalmente por não ter, ainda, adquirido os falsos pudores dos garotos locais, que dificulta em muito a obetenção dos doces prazeres de uma boa foda.


*Realizo todas as suas fantasias:
Em geral, as pessoas que procuram esse tipo de serviço, não tem muitas fantasias. Elas se limitam a sexo oral, ser enrabado pelo cara com o pau a meia bomba (convenhamos que deve ser um esforço hercúleo deixar o pau duro para transar com um pai de família barrigudo e suado) e a desmaiar sob o peso de um sexo mal feito. Isso tudo torna esse ítem muito fácil de ser cumprido pelo profissional em questão. De vez em quando surge aquele que quer apanhar na cara, ser amarrado e chicoteado enquanto o cara dança Rondo Alla Turca. Do contrário o cara não goza.
*Sexo oral, anal:
Houve época em que sexo oral e sexo anal eram tão de outro mundo que chegava a constar nas capas dos filmes, em locadoras, se havia ou não tais práticas ao longo da fita. Hoje, se esses itens já não vierem de fábrica, a produção está fadada ao fracasso e a ficar encalhada nas prateleiras. Tão absurdo, quanto falar de um filme de futebol sem bola. Nem se aventa a possibilidade.
*Ativo liberal:
Esse papo de "ativo liberal" pode ser uma roubada, se a intenção for contratar alguém pra te comer. Na maioria das vezes o cliente descobre que o cara é ativo virtual e passivo na real, ou seja, só funciona se você colocar a "sua pilha" no compartimento traseiro, conforme o manual de instruções do fabricante.


Resolvi ligar para o Dionathan e bater um papo, como se quisesse contratá-lo. Voz grave, mas com aquela modulação aguda, própria de quem está saindo da adolescência. Simpático e sorridente, com uma desenvoltura que apontava para o exagero. Entre outras coisas, perguntei qual era a sua orientação sexual, ao que ele respondeu como qualquer homem, quando se é posta em dúvida a sua masculinidade: "Tá me estranhanu, parceiro? Eu sou é homem!" (sic) Aí, pra minha surpresa, completou: "Eu transo com outros caras, mas não sou viado, não! É tudo profissa. Sempre sou ativo. Mas (sempre tem um mas) se tiver que fazer as duas coisas, dar e comer, é mais caro, né? Tem que ser mais caro, parceiro, porque aí mexe com a honra do cara, né?" 

domingo, 11 de julho de 2010

Convivência - Um desafio diário

Quem namora, é casado ou vive junto sabe que há dias em que a vontade é de engarrafar a pessoa amada e jogá-la em alto mar, à própria sorte, tamanha é a raiva espontânea que, as vêzes, a convivência provoca.

Como é complicada a convivência no dia a dia, onde um "bom dia" atravessado pode detonar um dia de cão. A cueca pendurada no chuveiro pode ser a gota d'agua para uma briga sem fim. Aquela regra básica de que a liberdade de um termina onde começa a do outro é muitas vezes esquecida, já que tudo flutua sobre tipos de personalidade e temperamentos.


Ser acordado as 9h da manhã, quando seus planos eram de dormir até as 3h horas da tarde acaba com o dia de qualquer um.

Mas se aceitarmos as diferenças do outro, se respeitarmos o espaço do outro, e amarmos o outro mesmo cheio de defeitos, teremos um relacionamento saudável, porque o maior erro que cometemos é exigir que o outro seja como nós queremos, e isso não acontece. Cada um é cada um, temos vontade própria e desejamos coisas diferentes.

O principal numa relação, muito mais até que o amor, é saber entender que cada um tem seu espaço. A convivência com as diferenças, neuroses, manias do outro nos lapida como seres humanos além, é claro, de enriquecer a parceria.

terça-feira, 6 de julho de 2010

O Caralho


GREGÓRIO DE MATOS nasceu na Bahia aos 23 de dezembro de 1623. Oriundo de uma família portuguesa abastada, que fez fortuna depois de deixar a Corte para colonizar as terras hoje chamadas Brasil, ele é conhecido como Boca do Inferno por conta das suas sátiras ferinas e virulentas, sempre prontas a atacar os poderosos, os dogmas, os moralistas e os “bons costumes” da velha Cidade da Bahia. Por essa razão, sua obra, em especial sua poesia satírica, é considerada até hoje como uma das mais rebeldes e malditas da literatura brasileira. As décimas abaixo foram escritas para explicar o que vem a ser um tal de caralho para uma freira que ele desejava arrastar para as delícias do paraíso. Há quem diga que o poeta tinha um fraco por hábitos. O que não se sabe é se a tal freirinha lhe fez essa pergunta por pura ingenuidade, afinal, sua condição exigia dela total comedimento, ou por uma lúbrica troça de santa do pau oco.


A UMAS FREIRAS QUE MANDARAM PERGUNTAR POR OCIOSIDADE AO POETA A DEFINIÇÃO DO PRÍAPO E ELE LHES MANDOU DEFINIDO, E EXPLICANDO NESTAS.


DÉCIMAS


1


Ei-lo vai desenfreado,
que quebrou na briga o freio,
todo vai de sangue cheio,
todo vai ensangüentado:
meteu-se na briga armado,
como quem nada receia
foi dar um golpe na veia,
deu outro também em si,
bem merece estar assi [assim],
quem se mete em casa alheia.


2


Inda que pareça nova,
Senhora, a comparação,
É semelhante ao Furão [mamífero usado em caçadas para tirar coelhos das tocas],
que entra sem temer a cova:
quer faça calma, quer chova,
nunca receia as estradas,
mas antes se estão tapadas,
para as poder penetrar,
começa de pelejar
como porco às focinhadas.


3


Este lampreão [pênis em ereção ou com orgasmo] com talo,
que tudo come sem nojo,
tem pesos como relojo [relógio],
também serve de badalo:
tem freio como cavalo,
e como frade capelo,
é cousa engraçada vê-lo
ora curto, ora comprido,
anda de peles vestido
curtidas já sem cabelo.


4


Quem seu preço não entende,
não dará por ele nada,
é como cobra enroscada,
que em aquecendo se estende:
é círio, quando se acende,
é relógio, que não mente,
é pepino de semente,
tem cano como funil,
é pau para tamboril,
bate os couros lindamente.


5


É grande mergulhador,
e jamais perdeu o nado,
antes quando mergulhado
sente então gosto maior:
traz cascavéis como Assor [divindade babilônica que vigiava a Grande Serpente],
e como tal se mantém
de carne crua também,
estando sempre a comer,
ninguém Ihe ouvirá dizer,
esta carne falta tem.


6


Se se agasta, quebra as trelas
como leão assanhado,
tendo um só olho, e vazado,
tudo acerta às palpadelas:
amassa tendo gamelas
doze vezes sem cansar,
e traz já para amassar
as costas tão bem dispostas,
que traz envolto nas costas
fermento de levedar.


7


Tanto tem de mais valia,
quanto tem de teso, e relho,
é semelhante ao coelho,
que somente em cova cria:
quer de noite, quer de dia,
se tem pasto, sempre come,
o comer Ihe acende a fome,
mas às vezes de cansado
de prazer inteiriçado
dentro em si se esconde, e some.


8


Está sempre soluçando
como triste solitário,
mas se avista seu contrário,
fica como o barco arfando:
quer fique duro, quer brando,
tem tal natureza, e casta,
que no instante, em que se agasta,
(qual Galgo, que a Lebre vê)
dá com tanta força, que,
os que tem presos, arrasta.


9


Tem uma contínua fome,
e sempre para comer
está pronto, e é de crer,
que em qualquer das horas come:
traz por geração seu nome,
que por fim hei de explicar,
e também posso afirmar,
que sendo tão esfaimado,
dá leite como um danado,
a quem o quer ordenhar.


10


É da condição de Ouriço,
que quando lhe tocam, se arma,
ergue-se em tocando alarma,
como cavalo castiço:
é mais longo, que roliço,
de condição mui travessa,
direi, porque não me esqueça,
que é criado nas cavernas,
e que somente entre as pernas
gosta de ter a cabeça.


11


É bem feito pelas costas,
que parece uma banana,
com que as mulheres engana
trazendo-as bem descompostas:
nem boas, nem más respostas
Ihe ouviram dizer jamais,
porém causa efeitos tais,
que quem exprimenta [experimenta], os sabe,
quando na língua não cabe
a conta dos seus sinais.


12


É pincel, que cem mil vezes
mais que os outros pincéis val [vale],
porque dura sempre a cal,
com que caia, nove meses:
este faz haver Meneses,
Almadas, e Vasconcelos,
Rochas, Farias, e Teles,
Coelhos, Britos, Pereiras,
Sousas, e Castros, e Meiras,
Lancastros, Coutinhos, Melos.


13


Este, Senhora, a quem sigo,
de tão raras condições,
é caralho de culhões
das mulheres muito amigo:
se o tomais na mão, vos digo,
que haveis de achá-lo sisudo;
mas sorumbático, e mudo,
sem que vos diga, o que quer,
vos haveis de oferecer
a seu serviço contudo.

A poesia é sugestão do amigo Rafael de Poá (SP).

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Banheiro Masculino

O banheiro público virou um campo minado para os rapazes. Um gesto involuntário, um olhar enviesado ou a simples demora em urinar, tudo corre o risco de ser interpretado como uma abordagem sexual.


Confira algumas dicas para evitar o vexame de ser pego com a boca na botija ou com a botija na boca.
- Evite "estacionar" no mictório. Passar muito tempo segurando o dito-cujo é o primeiro sinal de outras intenções no banheiro.  

- Não desperdice água com sucessivas descargas fingindo uma crônica incontinência urinária. Nem demore séculos lavando as mãos, olhando pelo espelho quem está no mictório. Os rios da cidade agradecem.

- Para evitar riscos no banheiro do seu trabalho, prefira ocupar o reservado. Mas não ponha seu pé nem a cabeça por debaixo da divisória. Nada de passar o espelhinho por baixo para conferir os paus ao lado.

- Mire só a parede em frente ao mictório, com o olhar de um peixe morto e os lábios cerrados. Evite respiração ofegante. Junte bem as pernas, como uma bailarina. Evite colocar tudo para fora da braguilha. No final, não faça barulho ao balançar sua genitália.

- Evite visitar os banheiros de todos os andares do shopping em menos de 30 minutos. Sua mania de querer demarcar território, como um gato, pode ser flagrada por câmeras e ser confundida como roteiro de pegação.

- Nada de se distrair riscando mensagens nas portas dos reservados, descrevendo suas preferências sexuais ou indicando número do celular, e-mail e MSN. Não faça buracos nas portas com canivetes.

- Nunca suba no vaso para espiar sobre a divisória. Há o perigo de o assento quebrar e você sujar aquele seu tênis caríssimo e a barra de seu jeans, além do risco de acidente com louças sanitárias que causam ferimentos graves.

- No reservado, evite se ajoelhar entre o vaso sanitário e a divisória. O espaço costuma ser pequeno, e você corre o risco de ficar entalado, sendo obrigado a gritar por ajuda ou quebrar uma das costelas para sair.

- Nunca, mas nunca mesmo, use o reservado dos deficientes físicos. É um lugar espaçoso, as barras são ótimas, mas você está usurpando um direito alheio. Também não fique na porta do banheiro escolhendo vítimas.

- Banheiro não é camarim. Evite levar sua completíssima nécessaire para espremer calo, molhar o cabelo, retocar o topete, trocar o perfume, o desodorante ou passar o fio dental.

- Se não der pra aguentar o tesão e você resolver atacar os usuários dos mictórios, observe se não há nenhum espertinho gravando a sua ação com um celular. Já pensou sua carinha na internet para o mundo todo ver?

- Cuidado ao levar sua vítima para o reservado. Há quem se dê o trabalho de ficar gravando os desavisados por cima da parede do box, como mostram os vídeos abaixo, gravados por um desses felizardos, no banheiro da Rodoferroviária de Curitiba.

Vídeo gravado no banheiro da rodoferroviária de Curitiba

Continuação